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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

18
Nov07

Águas Frias (Chaves) – As cores do Outono antes da chuva


Mário Silva Mário Silva

Estamos em meados de Novembro e o Sol tem feito a sua aparição diária, realçando um ar místico à aldeia de Águas Frias e a toda a paisagem envolvente.
Antes que a chuva faça a sua aparição (que segundo as previsões meteorológicas já será para amanhã, dia 19), venho partilhar algumas belas recordações que a objectiva captou desse tempo soalheiro, retendo toda uma paleta de “cores de Outono”.
* dos verdes escuros aos verdes claros:
          - o verde escuro das copas das árvores de folha perene, que ignora as estações do ano e mantêm “ad eternum” a sua tonalidade;
         - dos diferentes tonalidades de verde que vão diferenciando as diversas espécies de árvores e arbustos, assim como o grau de envelhecimento das suas folhas, em que o verde vai desbotando conforme esta se vai despedindo do ramo que lhe deu vida;

*  das diferentes tonalidades de castanhos:
         - as folhas caem e vão deixando à vista os troncos e os seus ramos nus;
         - a terra mesmo depois de lavrada (cada ano menos) que devido à falta de chuva se encontra dura de trabalhar e seca;

* dos laranjas aos vermelhos vivos:
         - em muitas árvores, arbustos ou simples plantas de adorno deixam-nos matizes belíssimas e contrastantes

        
- os tons alaranjados do Sol poente, anunciando um próximo dia, novamente, soalheiro;

 

* do amarelo aos castanhos claros:
         - desde algumas folhas até ao sol que nos vai aquecendo as manhãs e tardes, trazendo temperaturas que fazem, por vezes, esquecer o calendário (mas cuidado, que as noites fazem-nos, logo, lembrar que afinal já estamos em meados do Outono – são frias!!! …);

* cinzentos:
         - do cinzento das nuvens que por passarem tão lá no alto, não anunciam a chuva;

      
   - das pequenas colunas de fumo, resultado de pequenas queimadas (das vides que foram podadas, das ervas secas e pequenos ramos, que se vão amontoando nos campos), e ao fim da tardinha, das lareiras que se vão acendendo, preparando um serão mais confortável;
 
 
Destas e muitíssimas mais tonalidades se faz um Outono colorido em Águas Frias.
 

Até breve, ... quer esteja sol, chuva, frio ou neve ... em Águas Frias encontra-se beleza com qualquer estado do tempo, estação do ano, pois, embora não sejam observáveis nas fotos, o  MAIS IMPORTANTE SÃO AS PESSOAS QUE LÁ ENCONTRAMOS.
Mário Silva 📷
10
Nov07

Águas Frias (Chaves) - Os Castanheiros


Mário Silva Mário Silva

 

Em Águas Frias, como em todo o País, este Outono tem sido muito solarengo e as chuvas não têm aparecido, dando uma luminosidade que faz realçar as tonalidades outonais na vegetação envolvente à Aldeia.
 
Água Frias, além das muitas árvores de fruto, tem com árvores autóctones, os carvalhos e os castanheiros.
O castanheiro é uma árvore que pode atingir grandes dimensões, podendo chegar aos 20/30 metros e tem folha caduca.
 
 O castanheiro é das folhosas que mais se vê por terras de Águas Frias
O seu porte é geralmente imponente e o seu tronco (liso nos primeiros 10/15 anos) vai, ao longo dos anos criando “rugas” cada vez mais profundas, parecendo, muitas vezes, estar torcido.
 
A criação do seu fruto faz-se no interior de um invólucro espinhoso – o ouriço.
   
Um pouco por todo o lado da Aldeia se encontram imponentes e centenários castanheiros, dando por vezes nome a determinados lugares (Souto), devido ao seu elevado número.
 
Nos inícios de Novembro, o ouriço começa a secar e a abrir, deixando cair do seu interior as castanhas, que se espalham pelo chão, junto às folhas secas que também vão caindo.
 
É a altura de as apanhar, .. mas esta não é tarefa fácil, pois é necessário, vezes sem conta, curvar-se, apanhar, meter no saco, … curvar-se, apanhar, meter no saco, … este movimento, tantas vezes repetido não deixa ninguém sem umas dorzitas nas “cruzes”
Este ano, talvez devido ao tempo seco, esta tarefa ainda foi mais penosa pois os ouriços caíam , mas pouco abertos, sendo necessário, com o pé segurar e abrir o ouriço e só depois tirar as castanhas, com as inevitáveis picadelas.
 
Este ano, segundo alguns, a produção diminuiu em quantidade mas em contrapartida a castanha é graúda e saborosa.
A castanha deixou de ser, gradualmente, um dos importantes sustentos das famílias que, durante muitas décadas, encontraram nela uma fonte de rendimento e de subsistência.
Ao longo do tempo, este saboroso fruto, foi deixando de ocupar um lugar especial na gastronomia rural mas tem, ultimamente ganho relevo nos pratos urbanos, seja como acompanhamento às carnes, assadas, cozidas ou como sobremesa.
Mas a tradição ainda se mantém: assar a castanha nos assadores tradicionais, em dia de S. Martinho (11 de Novembro).
Pena é que se tenha vindo a perder as tradicionais fogueiras no "Concelho" ou em Cimo de Vila, onde, comunitariamente, se assavam as castanhas, se brincava, se cavaqueava e se provava o vinho novo. 
Como diz o ditado popular: “Em Dia de S. Martinho, comem-se castanhas e prova-se o vinho”.
 
Como Nota: Têm vindo a diminuir os castanheiros na Aldeia, penso eu, por dois motivos:
                     - Os castanheiros estão a ficar velhos e não são plantados outros em sua substituição;
                      - Terem sido, muitos deles, afectados pela doença do “cancro” ou da “tinta”
 
 
 
  
Enquanto “rilho” uma castanha crua, deixo este poema sobre os castanheiros:
 
 
os frutos do castanheiro
eram apenas castanhas embrulhadas
em capas de espinhos debaixo dos pés
mas pareciam coisas de outro mundo
com os seus picos afiados
e por dentro tinham amadurecendo
uma alma boa para se comer

caíam pelo chão
como granizo no Inverno
e transformavam-se num tapete
sofredor como o calvário
para quem brincava descalço
com a liberdade das andorinhas

a árvore era boa de subir
larga e imponente como um castelo
explodindo na força das suas raízes
arrepiando-nos o cabelo
nas noites de ventania e tempestade

no verão aproveitávamos a sombra
para jogar às cartas e contar anedotas
pois ninguém suportava o calor

aí já ninguém pensava nas castanhas
nem nas suas lâminas ouriçadas
à espera do que viesse com o vento
 …

José António Gonçalves (2004)


Mário Silva 📷
01
Nov07

Águas Frias (Chaves) - Mistura de Emoções


Mário Silva Mário Silva

 

Os primeiros dias de Novembro trazem a Águas Frias e a toda a região flaviense, uma mistura de emoções que poderão, à primeira vista, parecer antagónicas e inconciliáveis, mas tal como a Vida, elas sucedem-se e por vezes se misturam.
É tempo de alegria, divertimento, movimento, cor, luz, animação – festeja-se, na cidade de Chaves, o dia de Todos-os-Santos. Festa essa que começou no dia 31 com a Feira do Gado e se prolonga até domingo.
 
Em tempos idos, em que as deslocações das Aldeias para a Cidade eram difíceis, aproveitava-se estes dias de Festa para aliar o divertimento com a necessidade de venda dos seus produtos agro-pecuários com a compra de alfaias agrícolas, utensílios, sementes e todos os bens necessários (até provavelmente ao ano seguinte).
 
Hoje, ainda se mantém a Feira do Gado, mas o essencial da Festa/Feira dos Santos baseia-se numa panóplia de barracas onde tudo se vende (infelizmente poucos produtos da Região, que poderiam/deveriam ser mais valorizados e um sem número de artefactos oriundos da China, Marrocos, etc.) e um conjunto de divertimentos.
A Festa/Feira dos Santos mantém, ao longo dos tempos, um importante atractivo para toda a região flaviense, fazendo deslocar todas as Gentes das Aldeias em seu redor, assim como muitos forasteiros das regiões nortenhas de Portugal como da Galiza.
 
Este tempo de alegria é interceptado com momentos de reflexão, tristeza, saudade …
… o dia 2 de Novembro (ou em alternativa o próprio dia 1) celebra-se o dia dos Fiéis Defuntos ou Dias dos Finados. É o dia em que a igreja Católica dedica desde o séc. XII, à veneração da memória daqueles que já “partiram”.
 
Alegria <--> Tristeza ; Divertimento <--> Recolhimento ; Prazer <--> Saudade
 
Em dois dias (ou, em alguns casos num só dia) a diferentes emoções/sentimentos somos “convidados”.
A Vida é composta por isso mesmo … uma sucessão de diferentes emoções/sentimentos que, em certos momentos, prevalecem uns em relação aos outros, outras vezes se sucedem e se sobrepõem.
 
Haja alegria nos festejos dos Santos …
 
… já que o sentimento de Saudade daqueles que já “partiram” (familiares, Amigos, conhecidos) é inevitável que permaneça.
Mário Silva 📷

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