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MÁRIO SILVA - Fotografia, Pintura & Escrita

*** *** A realidade é a "minha realidade" em imagens (fotografia, pintura) e escrita

30
Abr08

Águas Frias (Chaves) – Duas flores/duas maravilhas


Mário Silva Mário Silva

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Durante o mês de Abril, que agora termina, Águas Frias foi-se lentamente pincelando de um colorido próprio do rejuvenescer da Natureza. Os castanhos vão dando lugar a um largo espectro de verdes pintalgados, aqui e ali, pelo colorido das flores das árvores ou das flores que espontaneamente desabrocham pelos campos.

Mas dessa panóplia de flores, duas delas me atraem mais a atenção. Possivelmente pela sua singeleza.
Uma é a giesta (aqui designada simplesmente por gesta), seja ela branca (menos comum) ou a amarela, que invade a serra, as bordas dos terrenos, os carvalhais, …

É uma planta arbustiva que pode atingir os 3 metros de altura. As suas flores, de cinco pétalas, além do seu colorido emanam um odor intenso e agradável.
A gesta, devido à sua propagação pode ser até considerada invasiva (e agora a sua utilização cada vez é menor).
Ela floresce nos finais do mês de Abril e nalgumas regiões do Norte de Portugal reveste-se de vários significados e histórias. Na noite de 30 de Abril e 1 de Maio (por isso, nessas regiões são também conhecidas por “Maias”) cortam-se e colocam-se pequenos raminhos nas portas e janelas da casa, nas cortes, nos currais, galinheiros, coelheiras, ….  Com o objectivo de “enxotar o carrapato”; afastar o mau-olhado; anunciar e dar vivas à Primavera ou anunciar o novo ano agrícola.

Tem o monte, um verde novo
E um amarelo em festa;
Para dar às mãos do povo
Os raminhos de giesta.
 
P’ra responder à tradição
As Maias lá vão buscar
Vai o ateu, vai o cristão
As portas vão sinalizar
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A outra flor (e esta da minha predilecção) é a da cerdeira (cerejeira). A sua flor branca é simples e até efémera, pois dura apenas alguns dias.

Mas a esta singeleza contrapõem-se um aglomerado/concentração de flores em cada ramo que lhe dá um conjunto de alvura imaculada que se mescla com o verde das suas tenras folhas e os castanhos do seu tronco e da terra que a sustenta.

Mas se uma cerdeira é bela, imagine-se um conjunto dessas árvores …. um encanto. É como ver neve em plena Primavera!
 

 

 

Se tanto se publicita as amendoeiras em flor (noutras regiões), porque não aproveitar este espectáculo das cerejeiras em flor, que em nada lhes ficam atrás.
E … depois, outro espectáculo lhe advém – as mesmas árvores que se vão pintalgando de frutos vermelhos e carnudos que vão emergindo por entre a folhagem verde (mas isso ficará para um pouco mais tarde mas que não muito longo).
 

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UMA CEREJEIRA EM FLOR

Acordar, ser na manhã de Abril
a brancura desta cerejeira;
arder das folhas à raiz,
dar versos ou florir desta maneira .

Abrir os braços, acolher nos ramos
O vento, a luz ou o que quer que seja;
Sentir o tempo, fibra a fibra,
A tecer o coração duma cereja
Eugénio de Andrade 
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Mário Silva 📷

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